CPQD desenvolve projeto para levar conectividade a escolas em comunidades remotas e sem energia elétrica
Novo projeto contempla a implantação de uma infraestrutura de energia, baseada em painéis fotovoltaicos e baterias, para alimentar os equipamentos de telecomunicações
A inclusão digital de comunidades remotas do país é o foco de um novo projeto que vem sendo conduzido pelo CPQD com o apoio de recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL), do Ministério das Comunicações, e da FINEP. O principal objetivo é levar conectividade a cerca de 4.600 escolas públicas, em todo o território brasileiro, que não dispõem de acesso à internet banda larga e nem de energia elétrica – de acordo com dados divulgados neste mês de maio pelos Ministérios das Comunicações (MCom) e das Minas e Energia (MME), no total, são 8.300 escolas sem acesso gratuito à internet, das quais 4.600 não têm energia elétrica.
Para isso, o projeto contempla também a implantação de uma infraestrutura de energia para alimentar os equipamentos de telecomunicações – como modems satelitais, roteadores e Wi-Fi – a serem instalados nas escolas beneficiadas. A intenção é instalar um sistema individual de geração de energia elétrica com fonte intermitente (conhecido pela sigla SIGFI), usando painéis fotovoltaicos e baterias para armazenar a energia gerada.
“Como o SIGFI estará em locais remotos, em geral de difícil acesso, seu gerenciamento é um desafio que precisa ser superado para garantir a disponibilidade e a confiabilidade dos sistemas de energia elétrica e de telecomunicações”, afirma Aristides Ferreira, gerente de Soluções em Sistemas de Energia do CPQD. Com esse objetivo, o projeto prevê o desenvolvimento de tecnologias de monitoramento e gerência a distância da infraestrutura de acesso à internet nas escolas, utilizando recursos de Inteligência Artificial (IA).
“A principal inovação do projeto está no desenvolvimento de um algoritmo para monitoramento dos parâmetros essenciais das baterias, de modo a garantir a sua disponibilidade contínua e o fornecimento ininterrupto de energia elétrica para a infraestrutura de conectividade”, ressalta Ferreira. Além das características da bateria – que terá capacidade para manter o fornecimento por até três dias, mesmo sem sol -, o algoritmo levará em conta também as condições climáticas da localidade. Se for necessário, o sistema irá gerar comandos ou alarmes para que o operador possa corrigir, restabelecer ou otimizar o uso da solução remotamente, evitando inclusive deslocamentos físicos de técnicos até o local para manutenção.
O novo projeto de inclusão digital conduzido pelo CPQD nasceu a partir de um piloto bem-sucedido implantado, no ano passado, em uma escola da comunidade indígena Yamado, no município de São Gabriel da Cachoeira, a 850 quilômetros de Manaus, no Amazonas. Para atender ao desafio proposto pelo Ministério das Comunicações de levar conectividade a essa escola distante – na fronteira com a Colômbia e a Venezuela – que não dispunha de energia elétrica, o CPQD instalou um SIGFI com três painéis fotovoltaicos e baterias chumbo-ácido responsáveis por alimentar de energia o modem satelital e, ainda, integrou esse sistema à solução de conectividade local, com roteadores e WiFi.
“Agora estamos investindo conhecimento e inovação no monitoramento remoto desse sistema, para garantir sua alta disponibilidade”, acrescenta Ferreira. O projeto prevê o desenvolvimento de dois algoritmos matemáticos, específicos para tipos distintos de bateria: chumbo-ácido e de lítio (que tem durabilidade e densidade de energia maiores). A prova de conceito será realizada no próprio CPQD e, até o final do ano, a solução estará pronta para ser transferida para a indústria brasileira responsável pelo fornecimento de sistemas individuais de geração de energia elétrica com fonte intermitente – que irá colocar o produto no mercado.