Conectividade rural, com tecnologia nacional, é destaque no projeto em São Miguel Arcanjo
Atualmente, 63 pequenos produtores rurais já formalizaram adesão ao SemeAr nesse DAT
Conectividade e acesso à internet de alta qualidade, aumento de receitas, redução de custos e o engajamento de 63 produtores rurais com adesão formal à iniciativa. Esses são alguns dos resultados alcançados pelo Projeto SemeAr em um ano de operação do Distrito Agro Tecnológico (DAT) de São Miguel Arcanjo, no interior paulista – que foram apresentados no evento realizado no dia 30 de junho.
O DAT funciona como uma “super fazenda digital”, promovendo a interação dos produtores rurais nos projetos implantados dentro da iniciativa SemeAr. Nos últimos 12 meses, o CPQD conduziu o projeto, implantação e a operação do DAT de São Miguel Arcanjo, município da região de Sorocaba com cerca de 330 agricultores de pequeno porte que se dedicam, basicamente, à produção de uva, abobrinha e outros hortifruti. Nessa iniciativa, contou com o apoio do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL) e da Finep e a parceria de 14 empresas e instituições que integram o ecossistema do SemeAr no estado de São Paulo – entre elas, a Embrapa, o Parque Tecnológico de Sorocaba, o Instituto de Economia Agrícola (IEA), o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o Sebrae e o SENAR/FAESP.
“Em um ano de operação, projetamos e implantamos uma infraestrutura de conectividade rural com tecnologia nacional, que proporciona acesso à internet e viabiliza o acesso a conteúdos, capacitação, aplicações e serviços de agricultura digital, como os serviços de startups, trator conectado, predição de clima, entre outros”, afirma Fabricio Lira Figueiredo, gerente de desenvolvimento de negócios em Agronegócio Inteligente do CPQD. Implantada em parceria com o provedor local SMANET, um dos parceiros no projeto, essa infraestrutura combina várias tecnologias de conectividade sem fio: satélite banda larga SGDC da Telebras, rede privada 4G LTE/250 MHz da Trópico, para comunicação com tratores e máquinas agrícolas, rede LoRa para os sensores instalados no campo e rádio ponto a ponto, para prover acesso à rede Wi-Fi e conexão com o provedor de serviço.
“Ao mesmo tempo, fizemos um levantamento das demandas dos produtores rurais que formalizaram sua adesão ao DAT, selecionamos startups com soluções para atender essas demandas e proporcionamos capacitação em tecnologias digitais para os pequenos produtores”, conta o gerente do CPQD. A capacitação aconteceu por meio de treinamentos presenciais realizados pelos parceiros SEBRAE e SENAR-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), braço educacional da FAESP.
Um resultado importante do SemeAr foi o levantamento das “dores” mais relevantes dos pequenos produtores de São Miguel Arcanjo para impulsionar seus negócios. Com a aplicação de metodologia desenvolvida no projeto, foram mapeadas as demandas de desintermediação das cadeias de comercialização, otimização do manejo agronômico, gestão da propriedade, rastreabilidade e crédito rural ágil. Para atender essas demandas, foi feita prospecção no ecossistema nacional de startups especializadas em agronegócio e firmadas parcerias com duas delas: a Muda Meu Mundo e a Maneje Bem. A primeira oferece uma plataforma de mercado digital desenvolvida para conectar pequenos produtores e agricultores familiares com o varejo, de modo a reduzir intermediários na cadeia, garantir a definição de preços pelo produtor e ampliar seus canais de venda. Já a Maneje Bem oferece assistência técnica digital, por meio de aplicativo e plataforma web que conecta uma rede de agrônomos e fornece acesso a conteúdos sobre manejo de solo, gestão de pragas, variedades e microclima.
Além disso, o CPQD aportou no projeto plataformas e soluções tecnológicas desenvolvidas em seus laboratórios, para complementar e facilitar a integração da infraestrutura de serviços de fazenda inteligente disponíveis no DAT. Entre eles, destacam-se a solução C2n, core de rede convergente 4G/5G utilizada na rede privativa de conectividade instalada nesse Distrito Agro Tecnológico para a coleta de dados de tratores. Outros ativos tecnológicos integrados pelo CPQD são a plataforma aberta dojot, que permite a integração dos dados de aplicações de Internet das Coisas (IoT), e a plataforma de Inteligência Artificial, que viabiliza a aceleração do desenvolvimento de aplicações de IA – inclusive em parceria com startups – destinadas a atender às demandas dos produtores do DAT.
Atualmente, 63 produtores rurais já formalizaram sua adesão à iniciativa SemeAr em São Miguel Arcanjo – 43 deles já estão conectados à internet, 26 acessam o serviço de mercado digital, 25 utilizam assistência técnica digital e 27 passaram pelos treinamentos presenciais. Uma pesquisa realizada entre eles indicou que o acesso a informações em geral – preços, mercado, técnicas de manejo e notícias agrícolas em geral – e a comunicação com compradores, vendedores, agrônomos e até com familiares foram benefícios importantes que o DAT do SemeAr trouxe para os produtores rurais de São Miguel Arcanjo.
A conectividade teve um papel relevante para esse resultado. Antes da implantação do DAT, as medições em campo mostraram que 63% da área atendida não tinha cobertura de redes de comunicação das operadoras públicas de telefonia móvel. Pesquisa realizada recentemente junto aos produtores do DAT indicou que, na percepção deles, a qualidade da internet era considerada apenas regular, tendo melhorado mais do que duas vezes com a infraestrutura de conectividade do Projeto SemeAr – hoje é considerada ótima (69,6% das respostas) ou boa (30,4%). Em função das soluções e serviços viabilizados no DAT, os agricultores perceberam aumento de 28% em suas receitas e redução de 24% nos custos de produção. No caso da solução de assistência técnica digital da Maneje Bem, por exemplo, 57% dos produtores já perceberam melhoria na qualidade dos seus produtos, com reflexo no aumento das vendas, em menos de 6 meses de uso da aplicação.
Na próxima fase, o objetivo do SemeAr é promover a evolução do DAT, ampliando a operação na região – e, em parceria com o Centro de Desenvolvimento em Agricultura Digital (CCD/AD), contribuir para a implantação de novos DATs em outras localidades do país.